.: santo amaro :.

SANTO AMARO
Luiz Cláudio Ramos / Franklin da Flauta / Aldir Blanc

Eu ia a pé da ladeira Santo Amaro
Até a Rua do Catete
Num sobrado onde você residia
E te levava prum passeio em Paquetá
Onde nasceu num piquenique
O nosso rancho, o Ameno Resedá

Verde, grená e amarelo, nossas cores
Resedá, vocês são flores como flor
Era a papoula do Japão
Tua rival saiu no Flor do Abacate
De destaque no enredo da Rainha de Sabá

Os lampiões, os vaga-lumes
Você triste, com ciúmes
Eu charlando, resmungando
Que melhor era acabar
Pobre farsante de teatro ambulante
Meu amor de estudante
Não soube representar
E o casamento aconteceu
Vieram filhos, muitos netos
Muitas dores, muitos tetos
Mas o amor a tudo isso ultrapassou

Hoje, sozinho, eu voltei feito andorinha
A Pedra da Moreninha, onde tudo começou
Olhando o mar, pensei na vida ao teu lado
Como um choro do Callado
Um piano de Nazareth
Saudade grande o dia inteiro
Mas com jeito de alegria
Do pandeiro, do Gilberto no Jacob
Pra cada dó um sol maior, um lá sereno
A harmonia do Ameno, o amor do Resedá
Eu funcionário aposentado
Coração não conformado
Antigo e novo, feito lua em Paquetá
Passou a vida, com os ranchos desfilando
União da Aliança, Caprichosa em Estrelas, ilusões
Desci por ela como desço ainda hoje
a ladeira Santo Amaro até o sobrado
Que o metrô matou
Bom era ir batendo perna
Tomar chope na taberna
É outra história, é uma glória
Ser da Glória, o quê que há?
O rosto dela vela o Rio de Janeiro
Como a virgem do Outeiro
Guarda o Ameno Resedá

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